domingo, 23 de junho de 2013

Líderes de atos contra a ditadura avaliam luta atual

Antigos presos políticos, Cid Benjamin e Vladimir Palmeira não criticam fato de movimento ser apartidário, mas repudiam hostilidade a bandeiras e falta de pautas


CHRISTINA NASCIMENTO

Jornal O DIA

Rio - O ano é 1970. No grupo de 40 presos políticos que foi solto em troca do fim do sequestro do embaixador da Alemanha, Ehrenfried von Holleben, estava o jovem Cid Queiroz Benjamim, 22 anos. Hoje, aos 65, ele está nas ruas engrossando os protestos que começaram na internet pela redução da passagem de ônibus. Não é um saudosista, afinal o cenário é bem diferente da época de opressão militar. Apoiado na sua experiência, não critica o apartidarismo do movimento atual. Apenas a hostilidade a bandeiras.

“Estou achando esses jovens, em termos de condução política, corretos, firmes e lúcidos. É evidente que o perfil do universitário daquela década para cá mudou muito. Atualmente, com o sistema de cotas, existe acesso maior de classes que eram excluídas”, analisou Benjamim, que é jornalista e assessor de imprensa da Comissão da Verdade no Rio. Se na década de 60, as bandeiras da esquerda alimentavam o movimento, agora elas não são bem-vindas pela maioria. Mas, para o ex-preso político, isso não desqualifica a mobilização: “Ser apartidário é uma coisa positiva. Só não a cabe a hostilidade a quem não é, o que, aliás é gravíssimo”.

Preso também durante a ditadura, o professor e ex-deputado federal Vladimir Palmeira, 68 anos, fez questão de acompanhar o filho no último protesto no Rio, na quinta-feira. Apesar de certo de que o ato político pode trazer mudanças sociais importantes, ele questiona a falta de organização do movimento, mas também não vê problemas no ato não ter uma legenda partidária que os represente.

“Acho que o fato deles garantirem que não vai ter aumento por um tempo dá um fôlego, mas bombearam quando não definiram uma pauta específica de reivindicações. Já deveriam ter feito esse debate em plenárias, com convocações da população. Falharam neste sentido”, critica.

Para os estudantes, intenção é aprofundar conquistas anteriores

A democracia em pauta é o fio condutor para o mergulho nos anos 60. Se antes a luta era pela liberdade e a participação, hoje o pleito é o direito de exercer plenamente essa conquista com o fim da ditadura. É o que acredita o historiador Gabriel Siqueira, 24 anos, um dos representantes no Rio do Movimento Passe Livre.

“O cidadão quer ser participativo neste sistema democrático. Ele quer ser ouvido, questionado, dar opiniões. Não basta apenas votar, queremos ser consultados sobre as concessões nos transportes públicos, nas votações de medidas nas áreas de saúde e educação”, afirmou.

Para o universitário Kauê Fernandes, 25 anos, da Universidade Federal Rural do Rio, o que há de similar com as décadas de 60 e 70 é que a força de segurança continua rechaçando os manifestantes que estão em atos pacíficos: “Os vândalos devem ser presos, mas tem muita gente de bem que está com medo de ir para os atos por causa da arbitrariedade dos agentes de segurança”, comenta o estudante.

http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2013-06-23/lideres-de-atos-contra-a-ditadura-avaliam-luta-atual.html

domingo, 16 de junho de 2013

7º Encontro Preparatório Fórum Mundial de Ciência 2013 - Brasília, DF

Ciência para o Desenvolvimento Global
Ciência para o Ambiente e a Justiça Social

Programa

10 de julho de 2013

 8:00
Início dos trabalhos

 8:20
A- Desafios da ciência para a nova realidade social urbana

 8:20 – 9:00
A1 - A ciência e as Metrópoles

 9:00 – 9:20
A2 - Organização social e violência urbana

 9:20 – 9:40
Debate

 9:40 – 10:00
Café

 10:00 – 10:20
A3 - Mobilidade urbana

 10:20 – 10:40
A4 - O trabalho na nova realidade social urbana

 10:40 – 11:30
Debate e resumo da relatoria

 11:30 – 12:00
Mesa de abertura

 12:00 – 13:00
Conferência de Abertura

 13:00 – 14:00
ALMOÇO

 14:00
B - Desafios da ciência para o ambiente natural e desenvolvimento sustentável

 14:00 – 14:40
B1 - Conciliando conservação e desenvolvimento: o papel de redes regionais de pesquisa e pós-graduação

 14:40 – 15:00
B2 - Biometalurgia, uso de recursos minerais e aproveitamento de rejeitos

 15:00 – 15:50
Debate

 15:50 – 16:10
Café

 16:10 – 16:30
B3 - Principais desafios relacionados aos novos padrões de produção e consumo

 16:30 – 16:50
B4 - Conservação e recursos naturais: cerrado e pantanal

 16:50 – 18:00
Debate e apresentação da relatoria

11 de julho de 2013

 08:00
C - Ciência, qualidade de vida e justiça social

 8:00 – 8:40
C1 - Desenvolvimento de tecnologias e infra-estruturas de produção de insumos para a saúde

 8:40 – 9:00
C2 - Educação e o despertar da curiosidade e criatividade científica nos jovens

 9:00 – 10:00
Debate e relatoria

 10:00 – 10:20
Café

 10:20 – 10:40
C3 - Acesso ao conhecimento e divulgação científica

 10:40 – 11:00
C4 - O papel da ciência na promoção da justiça social

 11:00 – 12:00
Debate e relatoria

 12:00 – 14:00
ALMOÇO

 14:00
D - Cooperação e construção de políticas de internacionalização do conhecimento

 14:00 – 14:40
D1 - Papel dos organismos internacionais na internacionalização do conhecimento

 14:40 – 15:00
D2 - Cooperação bilateral e transferência do conhecimento (a definir)

 15:00 – 16:00
Debate e relatoria

 16:00 – 16:20
Café

 16:20 – 16:40
D3 - Oportunidades e mecanismos de acesso a redes internacionais de pesquisa

 16:40 – 17:00
D4 - Cooperação científica sul-sul e a internacionalização do desenvolvimento tecnológico e inovativo

 17:00 – 18:00
Debate e relatoria; reunião dos coordenadores de reuniões preparatórias


LINK:

http://fmc.cgee.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=125&Itemid=1357º Encontro Preparatório Fórum Mundial de Ciência 2013 - Brasília, DF
Publicado em Sexta, 07 Junho 2013 15:29





Site do Fórum Mundial de Ciência 2013 está no ar

Os interessados no Fórum Mundial de Ciência podem ter acesso a informações sobre o evento no site do encontro (http://www.sciforum.hu), que ocorrerá de 24 a 27 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ). Pela primeira vez, o fórum será realizado fora da Europa. O tema do evento será “Ciência para o desenvolvimento sustentável global”.

O encontro reunirá políticos, tomadores de decisão, representantes da sociedade civil e grandes nomes da área científica brasileira e internacional, como Yuan Tseh Lee e Werner Arber, ganhadores do prêmio Nobel de química e fisiologia/medicina, respectivamente.

As sessões plenárias do evento terão como tema “Desigualdades como barreiras para a sustentabilidade global”, “Ciência política e governança”, “Integridade da ciência”, “Ciência dos recursos naturais”, “Ciência e o ensino da engenharia”, “O papel fundamental da ciência para a inovação”.

O fórum está sendo organizado pela Academia de Ciências da Hungria, em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o International Council for Science (ICSU), a American Association for the Advancement of Science (AAAS), a Academy of Sciences for the Developing World (TWAS) e o European Academies Science Advisory Council (Easac).

O CGEE é uma das entidades que fazem parte da Comissão Executiva Nacional dos Encontros Preparatórios que antecedem o Fórum Mundial da Ciência. Até agora, já foram realizados cinco eventos, que debateram os seguintes temas: Da educação para a inovação – construindo as bases para a cidadania e o desenvolvimento sustentável (São Paulo); Desafios para o desenvolvimento científico e tecnológico nos trópicos (Belo Horizonte); Diversidade tropical e ciência para o desenvolvimento (Manaus); Energia e sustentabilidade (Salvador) e “Oceano, clima e desenvolvimento (Recife).

O próximo evento será realizado em Brasília (DF), nos dias 10 e 11 de julho, e terá como tema “Ciência para o desenvolvimento”.

Link: http://fmc.cgee.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=125&Itemid=1357º Encontro Preparatório Fórum Mundial de Ciência 2013 - Brasília, DF





domingo, 2 de junho de 2013

Mercado de trabalho para os sociólogos e a Sociologia no Ensino Médio

Mercado de trabalho para os sociólogos e a Sociologia no Ensino Médio


Ronaldo Baltar



Caminhos da profissão do sociólogo e do professor de Sociologia





O mercado de trabalho para os sociólogos e para professores de Sociologia é distinto, mas compartilha problemas similares no Brasil. O primeiro problema está na participação, em grande quantidade, de profissionais formados em outras áreas nas vagas ofertadas para os formados em Sociologia ou Ciências Sociais. O segundo problema está na origem da formação acadêmica, que não qualifica os profissionais para atuarem no mercado de trabalho.

No Brasil, em grande parte das Instituições de Ensino Superior, a formação começa na entrada do estudante em um curso de Ciências Sociais ou de Sociologia. Os cursos de Ciências Sociais abrigam também a formação em Antropologia e Ciência Política. Cada universidade difere sobre o caminho a ser seguido por seus estudantes até chegarem ao mercado de trabalho. Mas passarão por uma primeira escolha: a licenciatura ou o bacharelado.

Enquanto os licenciados buscam o mercado de trabalho de professores do ensino médio, os bacharéis encontrar-se-ão em um mercado de trabalho mais difuso: o dos profissionais da "Ciência e Intelectuais", segundo definição da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Um número menor seguirá a formação acadêmica na pós-graduação stricto sensu.





O professor universitário pós-graduado visa, em grande parte, o mercado de trabalho mais restrito das universidades públicas e algumas confessionais, isto é, religiosas, com perfil similar.



No entanto, a maior parte da carga horária, da estrutura disciplinar e dos incentivos aos alunos dos cursos de Sociologia, ainda que não explicitamente, está voltada para a formação do próprio professor universitário. Nesses casos, ainda permanece um desinteresse com o ensino médio e um desconhecimento em relação às atividades profissionais do sociólogo. Acredita-se que, formando o acadêmico de nível superior - o "pesquisador" -, forma-se também o sociólogo ou o professor de ensino médio, o que não é verdade necessariamente.





O mercado de trabalho para o sociólogo

A profissão de sociólogo está estabelecida na Lei n º 6.888, de 10 de dezembro de 1980. São atividades do sociólogo o planejamento e a execução de pesquisas socioeconômicas, culturais e organizacionais, o levantamento sistemático de dados para subsidiar diagnósticos e a análise de programas em várias áreas (educação, trabalho, promoção social e outros). Também são atividades do sociólogo a assessoria e a prestação de consultorias a empresas, órgãos da administração pública direta ou indireta, entidades e associações. Embora existam esforços para a regulação da profissão, principalmente por parte da Federação Nacional dos Sociólogos (FNS) e alguns sindicatos estaduais, ainda não há uma delimitação efetiva para o campo de trabalho profissional do sociólogo. O empenho da FNS para a criação do Conselho Nacional de Sociologia é um passo importante para a regulação e fortalecimento da profissão.



As ofertas de emprego para sociólogo, dentro desse perfil profissional definido, são frequentes, mas não têm crescido nos últimos anos. As vagas são ofertadas principalmente por órgãos governamentais, empresas de consultoria e pesquisa, e organizações não-governamentais. Um exemplo pode ser ilustrado com o anúncio para contratação de sociólogo: Analista Socioambiental, vaga ofertada por uma empresa de Minas Gerais, com salário entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00, para elaboração de relatórios socioeconômicos de projetos, levantamento e análise de dados e pesquisa de campo.



Um campo de trabalho não previsto inicialmente na definição do profissional, que também tem crescido, é o de Editor de Textos de Sociologia. Uma oferta de emprego, no estado de São Paulo, por exemplo, oferecia salário entre R$ 6.000,00 e R$ 7.000,00, para edição e produção editorial em obra didática de Ensino Médio referente à disciplina de Sociologia. Como normalmente acontece em outras profissões, essas são vagas que exigem experiência de trabalho comprovada.



De maneira geral, a caracterização do mercado de trabalho do sociólogo é difícil. São poucos os que, mesmo contratados para ao exercício específico da profissão, registram-se como sociólogos. Entre os que estão registrados, nem todos exercem as funções específicas definidas para o sociólogo.



De qualquer modo, tomando como parâmetro apenas os contratados como sociólogo (CBO 251120), segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (CAGED/MTE), entre janeiro e maio de 2013, foram contratados 30 profissionais em todo o Brasil, com média salarial de R$ 3.295,00. Entre julho e dezembro de 2012, foram 46 contratações em todo o país, com média salarial de R$ 2.849,00.



Se acrescentarmos os contratados como Pesquisador de Ciências Sociais e Humanas (CBO 203505), no Brasil, ocorreram 66 contratações nos primeiros meses de 2013, com salário médio de R$3.297,00. Entre julho e dezembro de 2012, um total de 106 contratos de trabalho foram assinados em todo o país, com média salarial de R$ 2.187,00. Somando tudo, entre julho de 2012 e maio de 2013, foram 248 contratações com média salarial de R$2.907,00. Como comparação, entre janeiro e maio de 2013, foram contratados, em todo o país, 475 economistas (CBO 251205), com média salarial de R$ 4.494,00, segundo os dados do CAGED/MTE.



Deve-se ter em consideração também que o número de formados em Ciências Sociais/Sociologia é bem menor do que o número de formados em Economia e de outras disciplinas similares. Os dados disponíveis não permitem precisar a relação entre vagas ofertadas e pessoal formado em Sociologia. Mas, como referência, de acordo com os dados do Censo Populacional de 2010, do IBGE, do total de pessoas que concluíram o ensino superior no Brasil, mais de 37% tinham o diploma de Gerenciamento e Administração de Empresas. Outros 31% eram diplomados em Ciências da Educação, seguidos de 25% de bacharéis de Direito. Os formados em Economia ocupam o décimo lugar, com aproximadamente 6% do total. Os diplomados em Sociologia (Sociologia e Estudos Culturais) representavam em torno 0,2% da população com nível superior no Brasil.

O mercado de trabalho para o sociólogo não é favorável aos iniciantes na carreira. De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho (RAIS/MTE) de 2010, o perfil do profissional contratado tem, em média, acima de 40 anos de idade e mais de 10 anos no emprego. O despreparo com que os jovens sociólogos saem das universidades, em relação ao exercício da profissão, e a falta de estágios efetivamente vinculados ao trabalho profissional do sociólogo são fatores que agravam o problema.

O mercado de trabalho do professor de Sociologia no Ensino Médio

A categoria profissional dos professores é bem mais organizada e com perfil de trabalho claramente delimitado. O licenciado em sociologia enquadra-se nesse campo profissional. Do ponto de vista salarial, há uma diferença entre escolas públicas e privadas. Para a rede pública, o Ministério da Educação (MEC) estabeleceu, em 2013, um piso salarial de R$ 1.567,00. Vários estados não cumprem o piso estabelecido pelo MEC, motivo de mobilização constante da categoria em todo o Brasil.

Segundo dados do CAGED/MTE, o salário médio para contratação de professor de Sociologia no ensino médio fora da rede pública era de R$ 900,00 em maio de 2013. Como comparação, no mesmo período, professores de Sociologia no ensino superior da rede privada foram contratados, em média, por R$ 1.139,00.

O ensino de Sociologia e de Filosofia foi banido da educação básica pelo regime militar, por meio do Decreto Lei n. 869 de 1968. Essas disciplinas foram substituídas por Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Educação Moral e Cívica. Com o fim da ditadura, em algumas poucas universidades, docentes de Sociologia empreenderam uma trabalhosa campanha pela retomada do ensino de Sociologia no ensino básico. Desafiando o descrédito, fortaleceram cursos de licenciatura, criaram laboratórios de ensino, projetos e linhas de pesquisa vinculadas à prática docente de Sociologia.

Em maio de 2008, o Congresso Nacional votou a alteração na Lei 9.394 de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), tornando novamente obrigatório o ensino de Sociologia e Filosofia no Ensino Médio. Ainda, em 2008, a Secretaria de Educação Básica Presencial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) fez um levantamento sobre a necessidade de docentes para o ensino no Brasil, constatando que seriam necessários 107.680 professores de Sociologia para fazer cumprir a nova lei. Naquele ano, havia em todo o país 20.339 professores de Sociologia em exercício. O mercado de trabalho para professores de Sociologia no Ensino Médio demandaria 87 mil novas vagas no país.

Assim como ocorre com os bacharéis em Sociologia, o campo de atuação no ensino também é marcado pela presença de outros profissionais no lugar dos licenciados em Ciências Sociais/Sociologia. No mesmo estudo da CAPES de 2008, verificou-se que apenas 2.499 (pouco mais de 12%) dos 20.339 professores de Sociologia eram, de fato, formados em Sociologia ou Ciências Sociais.

Entre 2003 e 2008, a CAPES constatou que foram formados aproximadamente 14 mil licenciados em Ciências Sociais/Sociologia no Brasil. Nesse ritmo, se não houvesse nenhum aumento do número de turmas, seriam necessários mais de 30 anos para cobrir o déficit de docentes em 2008, sem contar os 18 mil docentes de outras áreas que ministravam turmas de Sociologia.









Tabela 1. Docentes que ministram disciplina de Sociologia no Ensino Médio

Disciplina de Sociologia

Professores %

Formados em Ciências Sociais - Licenciatura? Não 49.041 89,7%

Sim 5.613 10,3%

Fonte: INEP, Microdados do Censo Escolar – Docentes, 2012. Elaboração própria





Em 2012, analisando-se os microdados do Censo Escolar produzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), havia 54.654 professores ministrando turmas de Sociologia no ensino básico. Os licenciados na área eram 10,3% do total. O número de docentes de Sociologia mais do que dobrou entre 2008 e 2012, mas a participação dos licenciados em Ciências Sociais/Sociologia reduziu-se.



As dez universidades que formaram o maior número entre os 5.613 professores de Sociologia licenciados na área foram as seguintes: Universidade Federal do Pará, PUC-Minas Gerais, Universidade Estadual de Vale do Acarau, Universidade Federal Fluminense, Universidade Estadual de Londrina, Universidade do Oeste Paulista, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru, Faculdade de Filosofia de Passos, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade de Santa Cruz do Sul.

Tabela 2. Turmas de Sociologia por docentes formados em Ciências Sociais - Licenciatura por Categoria, 2012

Categoria Turmas de Sociologia

Docentes com Licenciatura em Ciências Sociais Docentes formados em outros cursos

Turmas % Turmas %

Categorias de Escola Privada Escola Pública 48.311 20,0% 193.192 80,0%

Particular 4.530 15,8% 24.171 84,2%

Comunitária 33 10,4% 284 89,6%

Confessional 79 14,7% 457 85,3%

Filantrópica 733 13,7% 4.613 86,3%

Fonte: INEP. Microdados Censo Escolar - Docentes, 2012. . Elaboração própria.



Os dez estados que oferecem o maior número de turmas de Sociologia, com professores formados na área, são Rio de Janeiro, Pará, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, Santa Catarina e Distrito Federal.

Comparando-se o número de turmas ofertadas em todas as escolas, observa-se que os professores formados em Sociologia ministraram turmas de outras matérias. Segundo os dados do Censo Escolar de 2012, ainda havia mais turmas ofertadas de Estudos Sociais do que de Sociologia.

A defasagem entre o número de turmas da disciplina de Sociologia ofertadas por professores formados na área e não formados na área é maior nas escolas particulares. De maneira geral, sendo, curiosamente, as escolas comunitárias e filantrópicas as que menos contratam professores formados em Sociologia para ministrar a disciplina.

O mercado de trabalho para os sociólogos e professores de Sociologia

Há um potencial grande para a carreira de sociólogo no Brasil, tanto para o bacharel, quanto para o licenciado. Há um ritmo constante de oferta de vagas para pesquisadores com perfil profissional na área, não apenas no setor público, mas também em empresas e organizações não-governamentais. O mercado de trabalho potencial para os licenciados é muito maior do que o número de formados anualmente nas universidades.

Mas ainda há problemas sérios a serem enfrentados. Há o problema de ocupação do campo de trabalho, majoritariamente exercido por profissionais de outras áreas. Há o problema salarial, principalmente para o exercício da docência na rede privada de ensino.

Há também o problema da formação. Em grande parte das universidades, os cursos de Ciências Sociais e Sociologia precisam reestruturar-se para ofertar uma formação direta tanto para o sociólogo profissional, quanto para o professor de Sociologia. São necessárias disciplinas voltadas para o perfil da profissão, como pesquisa não-acadêmica, análise de dados, planejamento, organização de projetos sociais entre outros tópicos. Para o bacharel, o estágio profissional deve ser estruturado e acompanhado de perto por profissionais da área, para que se possa apresentar uma alternativa às barreiras para a entrada do jovem sociólogo no mercado profissional. Mais do que isso, é necessário encarar a formação do sociólogo e do professor de Sociologia no Ensino Médio em pé de igualdade com a formação do professor universitário, muito mais incentivada e valorizada pelo sistema acadêmico de avaliações.



Ronaldo Baltar é professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina. E-mail: baltar@uel.br

http://www.coletiva.org/site/index.php?option=com_k2&view=item&layout=item&id=149&Itemid=76