As centrais sindicais (CTB, CUT, UGT, Nova Central, Força
Sindical, Intersindical, CGTB, CSB, CSP-Conlutas) se reuniram nesta
segunda-feira (29) na sede da CTB Nacional para debater os próximos passos na
luta contra o governo golpista de Michel Temer. Em comum, todas comemoraram a
vitória significativa do #OcupeBrasília no último dia 24, e apontaram para a
realização de uma nova greve geral.
A defesa dos direitos sociais e o repúdio às Reformas da
Previdência Social e Trabalhista continuam sendo o fio condutor do movimento
sindical. Para o secretário-geral da CTB, Wagner Gomes, será possível continuar
na unidade de ações enquanto cada central puder convergir nesses dois pontos.
“A manifestação em Brasília teve papel importantíssimo, os
números chegaram ao patamar da grande marcha do MST em 1997. Infelizmente,
houve uma repressão desmedida, que impediu a imprensa de cobrir nossas
reivindicações, mas a avaliação da CTB é que o ato teve uma função política
essencial, dando um novo baque no governo”, avaliou. “As centrais, mais uma
vez, tiveram um papel de liderança, e isso nos impõe a responsabilidade de
continuar pressionando contra essas reformas”.
Já para o vice-presidente da CTB, Nivaldo Santana, a reunião
serviu para demonstrar a unidade dos movimentos trabalhistas: “Todas as
centrais saudaram a vitória retumbante em Brasília, com a maior marcha já vista
na cidade. Do ponto de vista da continuidade, a principal resolução foi a da
realização de uma nova greve geral, a depender dos presidente das centrais. As
grandes bandeiras serão novamente o Fora Temer e a defesa dos direitos dos
trabalhadores”. Ouça a avaliação completa de Nivaldo:
Todos os representantes lamentaram a grande violência
cometida contra Carlos Geovani Cirilo, aposentado de 61 anos, que foi atingido
por um tiro de arma de fogo da PM e está em estado grave. Ele passará por
cirurgia para reconstruir o maxilar. As centrais estudam as ações legais específicas
contra a PM.
Ao final da reunião,
foram definidos seis encaminhamentos unitários:
- Continuará a luta
pelo Fora Temer, impulsionada sobremaneira pelas revelações recentes de
corrupção ligadas diretamente à figura do presidente;
- Uma nova greve geral de 24 horas será
organizada para o período entre 26 e 30 de junho, a definir;
- Será editado um novo jornal unitário de 4
páginas, para distribuição gratuita em todo o Brasil;
- Continuarão as
manifestações independentes nos estados, com as mesmas pautas;
- Foi aprovada uma Nota de Repúdio unitária
contra a violência que matou 10 trabalhadores rurais no Pará;
- As centrais se reunirão novamente na próxima
segunda-feira, 5 de junho, para ajustar o plano de mobilização do próximo
período. O encontro será na sede da Nova Central, Rua Silveira Martins, 53, às
10h da manhã.
O que dizem as outras
centrais
João Carlos “Juruna” Gonçalves, da Força Sindical: “A força
que tivemos em Brasília só foi possível, em primeiro lugar, porque nós
conseguimos criar uma pauta que fosse confortável para todas as centrais,
contemplando diferentes opiniões. Nós conseguimos superar o número de pessoas
esperado para Brasília, e isso deu continuidade para um movimento que vem sendo
construído desde o início do ano. A luta unitária foi possível porque há
consenso contra as Reformas do Temer.”
Ubiraci Dantas, CGTB: “Eu queria parabenizar a todos os
companheiros pelas mobilizações recentes - em todos os meus 65 anos, 40 de
sindicato, eu nunca vi uma coisa dessa dimensão. Muita gente não acreditou na
greve geral, e ela saiu linda daquele jeito. Isso deu um salto de qualidade na
nossa luta, porque travou as Reformas. Mas isso aconteceu primeiramente pela
força do Fora Temer, porque é ele que está tentando levar adiante essas
propostas. 90% dos brasileiros querem esse energúmeno fora do governo, e isso
unifica o país. É por isso que os caras lá querem fazer as eleições indiretas,
e isso vai incendiar o país!”
José Calixto Ramos, Nova Central: “Nós vamos processar
formalmente o governo pelo uso de munição real e repressão desnecessária na
manifestação de Brasília. E acusamos também a imprensa, que em nenhum momento
visitou as barracas ou nos perguntou sobre nossas reivindicações, mas apareceu
para registrar o caos. A questão do Fora Temer, na minha opinião, é uma questão
superada, porque este governo já caiu. As delações que vimos recentemente
colocaram o presidente em uma situação de crise, então a questão das Diretas Já
é o que devemos perseguir”.
Luiz Carlos “Mancha” Prates, CSP-Conlutas: “Gostaria de
parabenizar a nossa capacidade de caminhar juntos, mesmo diante de certos
desentendimentos - como foi lá no início, por exemplo, quando algumas das
centrais acharam que poderiam negociar as reformas, e outras não. Foi com esse
espírito que nós fizemos o #OcupaBrasilia, que aconteceu depois da vitoriosa
greve geral do dia 28. E nós fomos lá para protestar de verdade, não foi um
passeio, e isso resultou numa reação exacerbada do governo, com a selvageria do
Exército. Mas o que a população está falando? Está tudo mundo junto querendo se
colocar contra o governo, e o movimento sindical não pode parar. Nós achamos
que é preciso anunciar outra greve, porque eles vão mudar o governo mas vão
manter a Reforma Trabalhista, manter a Reforma da Previdência, e os ataques vão
continuar.”
Sérgio Nobre, CUT: “Quem duvidava da nossa capacidade de
fazer luta não tem mais o que dizer. É claro que existiram problemas, mas isso
não tira o brilhantismo do ato. É triste que a imagem que se propagou foi a da
molecada jogando pedra e a polícia reprimindo, pois o que a gente queria era
ter os manifestantes na Esplanada exigindo direitos. A CUT não acredita em
manifestações violentas. Sobre os próximos passo, vai depender de como as
coisas vão andar no Congresso. É importante já preparar novas ações, que podem
culminar na realização de outra greve geral, mas é preciso apontar para a
construção da greve. A data em si é móvel, pois depende das ações dos
parlamentares.
Ricardo Patah, UGT: “Foi um ato cívico de uma importância
sem precedentes. Foi uma marcha muito importante, e que demonstrou a indignação
dos brasileiros. Mas a ação daqueles jovens dos black blocs me preocupou,
porque trouxe um problema grave. Eles avançaram para cima da polícia, e a
polícia mal preparada reagiu daquele jeito. Porque na cabeça da população está
que o movimento sindical foi lá pra fazer isso, e que a marcha foi apenas um
pretexto. Nós todos vimos, foi uma coisa triste. A imprensa ajuda nessa
compreensão distorcida. Para eles, tudo o que está sendo feito é só uma questão
do imposto sindical, como se nós só nos importássemos com isso.”
Ricardo Saraiva Big, Intersindical: “Todas as centrais estão
de parabéns, foi uma manifestação bem organizada. Sobre os black blocs, eu
queria dizer que ali havia uma orientação do governo para reprimir. No dia 28,
foi a mesma coisa, e eu posso dizer que os companheiros portuários não fizeram
absolutamente nada e o pau comeu do mesmo jeito. Quando o governo está acuado,
ele age como bicho, pula pra lá e pra cá. É fundamental que as centrais tirem
uma nova data para a realização da greve geral, porque é assim que a gente vai
pressionar pelas Diretas Já. Esse governo já caiu, o que eles estão organizando
é uma eleição indireta, inclusive colocando um banqueiro como presidente. Lá na
Baixada Santista, esse presidente nefasto conseguiu unificar todas as centrais
no 1º de Maio, até com os movimentos mais sectários.”
Antonio Neto, CSB: “Eu fiquei assustado com o aconteceu em
Brasília. Nós vamos responsabilizar a Polícia Militar do Distrito Federal pelo
ocorrido, porque foram eles que isolaram o local, foram eles que revistaram as
bolsas dos trabalhadores, então se passou gente com arma na mochila, é porque
eles deixaram. E tem também o uso de arma letal. Nós vamos processar a PM. E
nós temos que fazer também uma autocrítica, não podemos deixar isso acontecer
novamente. Por outro lado, isso serviu para liberar uma energia na população, e
daqui a pouco será o Brasil inteiro que vai ficar assim. Qual é o próximo
passo? Acho que é fazer outra greve geral, que comece com os transportes e
cutuque trabalhadores e não trabalhadores, estudantes, todos.”
Portal CTB
Link: http://portalctb.org.br/site/noticias/brasil/32784-em-reuniao-centrais-sindicais-comemoram-ocupebrasilia-e-apontam-nova-greve-geral-para-junho