domingo, 17 de setembro de 2023

Campeãs em desmatamento, terras privadas têm 62% do Cerrado nativo

Concentração do bioma nessas propriedades preocupa ambientalistas

De todo o Cerrado ainda nativo existente no Brasil, 62% estão em propriedades privadas, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) que atua também no Cerrado. Como o Código Florestal permite ao dono da terra desmatar até 80% do Cerrado, essa concentração da vegetação nativa do bioma em terras privadas tem preocupado ambientalistas. 

Dados de satélite analisados pelo MapBiomas mostram que 85% do desmatamento do Cerrado de 1985 a 2022 ocorreram em terras privadas. Atualmente, estima-se que o bioma tenha apenas 48% da sua vegetação nativa original.

Além disso, o avanço do agronegócio principalmente nos estados do Tocantins, da Bahia, do Maranhão e do Piauí indicam que o desmatamento deve seguir alto no Cerrado. Nesses estados, as áreas de pecuária e agricultura cresceram 252% e 2.199%, respectivamente, entre 1985 e 2022, ainda segundo o MapBiomas.

Como apenas 12% do Cerrado nativo estão em unidades de conservação e terras indígenas, teme-se que os proprietários privados usem seu direito de desmatar e acabem com a maior parte do bioma nativo que ainda resta. 

Outros 13% do Cerrado nativo foram identificados como “vazios fundiários”, que são áreas sem informação disponível. Esses dados foram sistematizados pelo Ipam a partir do Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) e do Cadastro Ambiental Rural (CAR).  

A diretora de Ciência do Ipam e coordenadora do MapBiomas Cerrado, Ane Alencar, destacou que é preocupante que a vegetação nativa do bioma esteja tão concentrada em terras privadas devido ao baixo nível de proteção legal do Cerrado. 

“Entretanto, o mercado tem sido cada vez mais cobrado por uma produção livre de desmatamento e com menor impacto ambiental. Essa cobrança pode ser aliada importante para reduzir a pressão sobre os remanescentes (de Cerrado Nativo) dentro de imóveis rurais”, ponderou. 

Para a especialista, o papel do Poder Público é o de fiscalizar o cumprimento das regras, além de melhorar os procedimentos para autorização do desmatamento, seja federal, estadual ou municipal, “aumentando a transparência e governança sobre essas autorizações e evitando que pessoas acabem desmatando de qualquer jeito”. 

Vida e economia 

O diretor executivo do Instituto Cerrados, Yuri Salmona, alertou que a mudança na legislação para proteger mais o bioma é essencial não apenas para o meio ambiente, mas para a manutenção da vida humana e da atividade econômica do Brasil. 

“Deveria ser uma agenda encabeçada por muitos ministérios e não só o do Meio Ambiente. O Ministério da Fazenda e demais ministérios que lidam com planejamento deveriam estar empenhados em garantir que o principal insumo da economia brasileira, que é a água, seja mantido e, para isso, é preciso manter o Cerrado”, afirmou.

 

O bioma é considerado o berço das águas por ser a origem de oito das 12 principais bacias hidrográficas do Brasil. 

Salmona lembrou das crises hídricas dos últimos anos que chegaram a prejudicar a produção energética e o abastecimento de cidades como São Paulo e Brasília. 

“Precisamos de muito mais de 20% de vegetação nativa protegida em cada propriedade rural. No entanto, o ambiente político não é tão favorável assim para uma mudança. Mas esse enfretamento político tem custo muito menor do que o da falta d’água, que já é sentida. Tivemos redução média de 15,4% na vazão dos rios no Cerrado entre 1985 e 2022”, disse. 

Nessa quinta-feira (14), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu o desmatamento zero no Cerrado. Um estudo da Universidade de Brasília (UnB) mostra que o bioma perde vegetação nativa cinco vezes mais rápido que a Amazônia. Informações: Agência Brasil.

FONTE: PORTAL CTB - Publicado 17/09/2023

LINK: https://ctb.org.br/noticias/meio-ambiente/campeas-em-desmatamento-terras-privadas-tem-62-do-cerrado-nativo/

CTB-RJ Participa do 29º Grito dos Excluídos e das Excluídas

 CTB-RJ Participa do 29º Grito dos Excluídos e das Excluídas

 8 de setembro de 2023Publicado por: José Medeiros

A Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil – Rio de Janeiro participou, na manhã da última quinta-feira (7), da 29º edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas, tradicional manifestação dos movimentos sociais que ocorre todo Dia da Independência em contraste com o desfile militar que sempre acontece na data.

O ato, ano a ano, busca dar protagonismo e voz àqueles e aquelas que não são lembrados nas versões oficiais de uma fábula de independência que esconde as lutas e o protagonismo do povo, das classes populares e trabalhadoras. Esse ano o tema do evento foi “você tem fome de quê, você tem sede de quê?”. Os representantes do sindicalismo classista organizados na CTB-RJ estenderam sua faixa e forma às ruas com fome de democracia e sede de justiça!

“Estamos nas ruas, mais uma vez, junto com outros movimentos sociais e populares, para organizar a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras para conquistar mais Democracia, por Saneamento e Moradia para Todos, por um Transporte Público de Qualidade. Estamos nas ruas porque queremos Justiça pra Amarildo, para Mariele e Anderson,  e para todos trabalhadores e filhos de trabalhadores vitimados por uma política de segurança pública que transforma favelas e periferias em campos de guerra! Estamos nas ruas pelo fim dos assédios e violências contra as mulheres, pelo empoderamento feminino, por direitos e protagonismos para as mulheres! Estamos nas ruas contra a LGBTQIAP+fobia e contra todas as formas e opressão que destróem vidas e famílias! Estamos nas ruas pela Vida da População Negra, pelo fim da violência policial e para combater o racismo estrutural de nossa sociedade! A CTB, nesse grito dos excluídos e das excluídas chama a classe trabalhadora à luta, para derrotar todo fascismo e todo conservadorismo e construir um Brasil mais justo, democrático, igualitário e livre de todas as formas de preconceito e opressão!” – disse Katia Branco, vice-presidenta da CTB Rio de Janeiro durante a atividade.

A concentração do evento teve início às 9 da manhã, mas o cortejo só se iniciou após o fim do desfile militar, por volta de 12h. Os trabalhadores e trabalhadoras, junto com coletivos organizados de estudantes e de movimentos populares seguiram em marcha sem incidentes até o Museu do Amanhã, na Praça Mauá.

Fonte: portal da CTB/RJ

Link: https://ctbrj.org.br/2023/09/08/ctb-rj-participa-do-29o-grito-dos-excluidos-e-das-excluidas/