No último sábado (11), a Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras – Rio de Janeiro (CTB-RJ), a segunda maior central sindical do Brasil, mobilizou suas bases e participou do ato realizado em frente ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. O evento clamou pelo tombamento do local pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para a instalação de um centro de memória e resistência contra os regimes de exceção.
O ato homenageou Rubens Paiva e outras 52 vítimas fatais ou
desaparecidas sob a ação do Destacamento de Operações de Informação – Centro de
Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), que funcionou nesse quartel durante a
ditadura militar. Organizações como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI),
o Grupo Tortura Nunca Mais RJ e a ONG Rio de Paz, com apoio da Justiça Global e
da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia Núcleo-RJ, também
estiveram presentes.
Cadeia Para Todos os
Golpistas: Um Clamor Inadiável
A CTB-RJ reforçou, com firmeza, a defesa inegociável da
democracia e a necessidade urgente de punição exemplar para todos os envolvidos
nos atentados golpistas contra o Estado Democrático de Direito. Empresários
cúmplices, membros das Forças Armadas coniventes e líderes políticos, incluindo
o ex-presidente Jair Bolsonaro, não podem ser beneficiados por qualquer tipo de
anistia. A democracia brasileira não sobreviverá a novos ciclos de impunidade.
“O tombamento do DOI-Codi é falar sobre direitos humanos e
sobre o militarismo autoritário que ainda permeia o cotidiano brasileiro”,
destacou Rafael Maul de Carvalho Costa, diretor do Grupo Tortura Nunca Mais RJ.
“Fortalecer a memória é fortalecer a democracia sem compromissos com a
violência de Estado.”
Democracia com
Justiça e Memória
A história e o sofrimento dos sobreviventes do DOI-Codi
foram resgatados em depoimentos poderosos. Álvaro Caldas, jornalista, professor
e ex-preso político, compartilhou suas experiências: “Fui preso em fevereiro de
1970 e torturado por três meses neste local. Voltar aqui como membro da
Comissão da Verdade foi revisitar um passado doloroso. Sou grato por ter
sobrevivido.”
De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, 53 presos
políticos foram mortos no DOI-Codi do Rio, dos quais 33 continuam desaparecidos.
Nacionalmente, 19 locais diferentes foram usados para repressão, tortura e
assassinato. A CTB-RJ e outras entidades comprometidas com a justiça histórica
exigem que todos os agentes da ditadura, assim como os atuais conspiradores
golpistas, enfrentem as consequências legais de seus crimes.
Fonte: Portal CTB-RJ
www.ctbrj.org.br