A
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados recebeu hoje
(16) lideranças indígenas de várias etnias. Em audiência pública dedicada à
mobilização nacional indígena, as críticas ao governo, Congresso Nacional e à
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 foram a tônica do encontro.
A PEC
215, que transfere do Executivo para o Congresso o poder de demarcar terras
indígenas, foi o principal alvo das críticas dos líderes indígenas presentes à
audiência.
“Os
fazendeiros dizem que já ganharam. Isso acaba se tornando verdadeiro para nós,
porque as demarcações não são concluídas. Elas ficam aguardando a votação da
PEC, para nos prejudicar”, disse o líder Paulino Terena. "A maior força
dos fazendeiros é que eles têm condição de ter representantes aqui. Nós não
temos."
Emocionado,
Terena explicou as dificuldades que enfrenta para defender seu povo. Segundo
ele, após alguns atentados, teve de ficar longe da tribo, em acolhimento
provisório. “Levei um tiro na perna. Jogaram combustível no meu corpo, tentando
tirar minha vida. Fiquei em acolhimento provisório por seis meses. Pedi para
voltar à comunidade, porque tirar um líder indígena da terra dele não adianta.
O que adianta é arquivar a PEC 215 e demarcar os territórios dos povos do
Brasil.”
Presidente
da comissão, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) ouviu vários relatos de índios
ameaçados de morte por fazendeiros ou que tiveram parentes assassinados. “Sou
Guarani-Kaiowá e minha comunidade é uma das mais massacrados do Brasil. É a
maior violência, a maior matança de lideranças no Brasil. Se a PEC for
aprovada, será pior ainda para nós”, alertou o líder Eliseu Guarani-Kaiowá.
Pimenta
prometeu visitar Mato Grosso do Sul, de modo a acompanhar de perto a situação
dos povos indígenas da região. O presidente da comissão disse que pretende
fazer a visita “o quanto antes”. “Quero conhecer as regiões de conflito, para
mostrá-las ao Brasil e ao mundo.”
A
audiência pública teve a participação de parlamentares e representantes da
Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Conselho Indigenista Missionário
(Cimi). Jaime Siqueira, da Funai, criticou a falta de estrutura da entidade. “A
Funai tem enorme dificuldade para articular políticas indígenas, porque está
fragilizada, com poucos recursos e poucos servidores.”
De
Marcelo Brandão
Da Agência Brasil – 17/4/15
FONTE:
BRASIL de FATO
http://www.brasildefato.com.br/node/31867
Nenhum comentário:
Postar um comentário