segunda-feira, 1 de julho de 2013

Movimentos e partidos aprovam 11 de julho como Dia Nacional de Paralisação

As 77 organizações de movimentos sociais e partidos de esquerda reunidos na noite de terça-feira (25), aprovaram o 11 de julho como Dia Nacional de Paralisação e Luta da Classe Trabalhadora. A data foi proposta pelas centrais sindicais, quando realizarão paralisações em todo país.


Encontro no sindicato dos Químicos reuniu representantes de 77 organizações

Também aprovou-se uma plataforma política unificada que inclui as reformas política (com plebiscito), urbana e da mídia, além de temas relacionados aos direitos humanos, como o fim do genocídio da juventude negra.

Durante a abertura do encontro, realizado no Sindicato dos Químicos de São Paulo, no bairro da Liberdade, em São Paulo, João Paulo Rodrigues, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que mediou o encontro, passou o informe sobre os nove pontos acordados na reunião das centrais, ocorrida na manhã de terça: “A data aparentemente parece distante, no entanto, as centrais justificaram que é preciso tempo para mobilizar as bases dos trabalhadores nas fábricas. Os dirigentes lembraram que os operários não se mobilizam pelo Facebook. Então a proposta deste encontro é envolver também os camponeses, os indígenas e toda a classe trabalhadora representada aqui pelas organizações”, disse João Paulo.

A partir da apresentação da plataforma aprovada pelos dirigentes sindicais das oito centrais, militantes de 25 organizações se posicionaram e acrescentaram sugestões. Ao final, as organizações aprovaram oito propostas, divididas em dois blocos. O primeiro bloco reúne as reformas, incluindo a democratização dos meios de comunicação, tema apontado em todas as falas das organizações.

“A gente quer reforçar a proposta sobre a reforma urbana que inclui educação, transporte e saneamento. Outro tema urgente que tem sido instrumento de manipulação das massas pela burguesia, é a luta pelo marco regulatório da mídia, que criminaliza os movimentos sociais”, enfatizou Antonio Pedro de Souza, o Tonhão da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), que também sinalizou a importância da negociação da dívida pública das cidades com a União para que as reivindicações das ruas possam ser atendidas.

Já o segundo bloco reúne os denúncias que se referem aos direitos humanos e ao avanço das ideias conservadoras no Congresso Nacional. No segundo bloco, estão os pontos que abordam os direitos humanos: contra o genocídio da população negra e dos indígenas; contra o Estatuto do Nascituro e a proposta de cura gay; contra a repressão e criminalização das lutas dos movimentos sociais; contra a redução da maioridade penal e pela punição dos torturadores da ditadura militar. Somadas às das centrais, resultam em 11 temas unificados.

Os pontos unificados pelas centrais, apresentados à presidenta Dilma durante o encontro em Brasília, nesta quarta (26), são: fim do fator previdenciário; 10% do PIB para a Saúde; 10% do PIB para a Educação; redução da Jornada de Trabalho para 40h semanais, sem redução de salários; valorização das Aposentadorias; transporte público e de qualidade; reforma agrária; mudanças nos Leilões de Petróleo e rechaço ao PL 4330, sobre terceirização.

“Fora isso, temos 31 orientações políticas ditas aqui, como a questão da privatização do setor energético, então vamos considerá-la no ítem contra os leilões do petróleo, mas dificilmente teremos como debater isso agora”, observou João Paulo ao final do encontro, que terminou por volta das 22 horas. Um novo encontro ficou marcado para o dia 2 de julho, no mesmo horário (19h) e local, quando será tratada a mobilização e a natureza das lutas para o 11 de julho. “Será uma jornada nacional e, portanto, é importante nos reunirmos para tratar detalhes e não corrermos o risco de fazer um ato que não vai acumular força na luta”, reforçou o líder do MST.

Para Luiz Gonzaga, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares (CMP), a luta da classe trabalhadora e do novo proletariado passa por “outro viés”. “A CMP, que se reuniu no final de semana, defende a convocação de plebiscitos e referendos como instrumentos de fortalecimento da democracia, bem como o fortalecimento da participação popular em conselhos com caráter efetivo de deliberação e não indicativo; o financiamento público das campanhas eleitorais, a reforma urbana e defesa da função social da propriedade, zerar o déficit habitacional e aplicação imediata de IPTU progressivo”, destacou Gegê durante sua fala. O representante da CMP também mencionou a luta pelos 100% dos recursos dos royalties do pré-sal para a educação, os 10% do PIB para a saúde pública e as reformas agrária e urbana que sem isso “seremos um país direcionado ao fim pela miséria total”.

Juventude

O vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Mitã Chalfun, contou aos presentes que a entidade, reunida no domingo (24), elegeu cinco pontos prioritários de sua luta, que serão levados para a mobilização de quinta (27) e apresentados para a presidenta Dilma durante reunião agendada com a juventude, na sexta (28): 10% do PIB para a educação e 100% dos royalties do petróleo; contra o Estatuto do Nascituro e contra a cura gay; pela democratização das mídias; pela reforma política e pelo passe livre estudantil.

Enquanto a reunião ocorria, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 5.500/2013 que destina 75% dos royalties do petróleo para a educação e os 25% restantes para a área da saúde na madrugada desta quarta-feira (26). “A UNE faz mais um golaço! Sob pressão das lutas estudantis, Câmara dos Deputados acaba de aprovar a destinação de 50% do Fundo Social do Pré-sal para educação pública e 75% dos royalties do petróleo para educação e 25% para saúde! Esta proposta do Fundo Social foi elaborada pela UNE, ganhou força nas nossas lutas e hoje se tornou uma grande vitória! Viva a luta dos estudantes brasileiros”, comemorou a presidenta da UNE, Virgínia Barros, a Vic, nas redes sociais. Vic acompanhou a votação na capita federal e agradeceu a todas as entidades do setor que foram “fundamentais para a conquista”, além de “deixar um abraço fraterno para Augusto Chagas e Daniel Iliescu, ex-presidentes da UNE que abriram as portas desta luta e tornaram esta vitória possível”.

A estudante de geografia Mayara Vivian, uma das representantes do Movimento Passe Livre (MPL), esteve no encontro de terça-feira à noite para se somar às forças da esquerda. “A gente sempre deu uma orientação política de que quanto mais iniciativas de esquerda melhor. Não precisamos centralizar num único espaço para estar junto. Na medida do possível a gente vai acompanhando. E hoje estamos aqui para nos somar”, disse ao Vermelho, instantes antes de iniciar sua fala aos presentes, quando contou como foi o encontro com a presidenta da República.

“A presidenta insistiu na qualidade do transporte, mas não adianta ter estrutura se o povo não tem dinheiro para pagar. Esperávamos medidas mais concretas. Estamos aguardando, agora, o posicionamento dos governos estaduais e municipais encaminhem para a tarifa zero, que significa também o controle social do sistema de transporte público. Sendo privado ou estatal, o importante é que os usuários do sistema decidam sobre seu funcionamento, os trajetos das linhas, o transporte não deve ser mercadoria e estar a serviço de meia dúzia que lucram”, declarou Mayara.

Unidade

Jamil Murad, presidente do Diretório Municipal do PCdoB de São Paulo, lembrou que foi graças à unidade da esquerda e o esclarecimento da população, somados à busca de alternativas para sanar as deficiências sociais que levaram o país a políticas mais progressistas.

“Agora, devemos levar os trabalhadores para a rua, que se tornarão uma força invencível juntamente com a juventude. A unidade das centrais é uma vitória. Devemos abraçar a jornada do dia 11 e saudar a nossa presidenta eleita que recebeu e ainda está recebendo todos os movimentos. Com essa força, essas conquistas, determinação, ânimo, unidade, vamos fazer as transformações para elevar o povo brasileiro a um patamar muito superior. Parabéns! Unidade! Luta! Dia 11! Vamos para a paralisação, vamos para a luta, vamos para a vitória”, exclamou o comunista aos presentes.

Em entrevista ao Vermelho, Rogério Nunes, da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também frisou a construção da mobilização para o dia 11: “A construção do dia 11 será um grande momento para a rearticulação dos movimentos sociais. A reforma política e o plebiscito são pontos centrais, inclusive, percebemos na reação imediata de setores reacionários conservadores, expressos na mídia monopolista, que estamos na direção certa, uma vez que eles são contra. Então cabe aos movimentos sociais apoiar e fortalecer a proposta de plebiscito”, afirmou.

Também estiveram presentes na reunião representantes da União da Juventude Socialista (UJS), da Marcha Mundial de Mulheres (MMM), do Levante Popular da Juventude, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e dos partidos PT, PCdoB, PSTU, Psol, PCO, PCB, PSB e PPL.


Centrais sindicais fazem paralisação conjunta no dia 11 de julho

CLAUDIA ROLLI
DA FOLHA DE SÃO PAULO

Em reunião na manhã do dia 25/6, terça-feira, as centrais sindicais definiram o dia 11 de julho como data para os protestos e as paralisações que farão em todo o país.

"Será um dia nacional de luta com greves, manifestações, passeatas em pontos de grande concentração em todos os Estados", disse o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. "Vamos parar contra a inflação e para pedir também mudanças na política econômica do governo."

Conforme a Folha antecipou na edição desta terça-feira, inicialmente cinco centrais sindicais decidiram realizar os atos para pedir a retomada das negociações da pauta dos trabalhadores, aproveitando a onda de protestos que vêm pedindo qualidade no transporte público e contrários ao aumento das tarifas.

Na pauta das centrais estão o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho para 40 horas e combater o projeto de lei que permite ampliar a terceirização - interpretado como uma forma de precarizar as relações do trabalho.

Também estão em discussão dois outros pontos: o direito de greve dos servidores e o fim das demissões imotivadas para diminuir a rotatividade de empregos. Essas duas últimas reivindicações se referem às convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho) 151 e 158.

A reunião durou cerca de duas horas e participaram dirigentes de cinco centrais reconhecidas pelo governo - Força, CUT, UGT, CTB e Nova Central-, além de CSP-Conlutas, CSB e CGTB. As três últimas não atingiram os critérios de representatividade do governo (regra exigida para dividir o imposto sindical obrigatório), mas participam de ações em conjunto no movimento sindical.

As centrais querem mais recursos em educação, saúde, transporte e segurança, além de reajuste das aposentadorias e debater com o governo federal a reforma agrária.

Apesar de inicialmente não haver consenso em incluir o combate à inflação como tema da pauta do protesto do dia 11, ela vai constar da manifestação.

Na próxima sexta-feira (dia 28), cada central deve sugerir locais de concentração em cada Estado para reunir os trabalhadores e que categorias que podem parar.

Segundo Ricardo Patah, presidente da UGT, as bandeiras levantadas pelos estudantes nas últimas manifestações são defendidas "há muito tempo pelas centrais e pelos movimentos sociais, mas por falta de diálogo com o governo não foi possível avançar nessas conquistas". Ele também afirmou que o movimento "espontâneo" das ruas "reflete o sentimento comum de toda a sociedade".

Antonio Neto, que comanda a CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), tem a mesma opinião. O sindicalista diz que, apesar de o governo ter desonerado da folha de pagamento, ter cortado o custo de energia elétrica e ter acabado com a CPMF, "ninguém aguenta mais". "A classe média tem tratamento pior nos planos que paga do que o do SUS. O transporte é de má qualidade. Por isso as pessoas estão se mobilizando, indo para a rua. É uma basta geral, vindo das ruas."

José Maria de Almeida, da CSP-Conlutas, afirma que as manifestações que estão marcadas para quarta (dia 26) e quinta-feira (27) em regiões em que os sindicatos de trabalhadores são ligados à central, caso dos metalúrgicos de São José dos Campos (interior de SP), estão mantidas. "É uma preparação para esquentar os motores para o dia 11."

MOVIMENTOS DISTINTOS

As manifestações das centrais não são vinculadas à greve geral que está sendo marcada pelas redes sociais para o dia 1º de julho. As entidades sindicais ressaltam que não há qualquer ligação de seus protestos com atos como os que estão sendo divulgados nas redes sociais.

Em nota em seu site, a CUT informa que "as centrais sindicais, legítimas representantes da classe trabalhadora, não convocaram greve geral para o dia 1º de julho". E ressalta que a convocação para uma "suposta greve geral, que surgiu em uma página anônima do Facebook, é mais uma iniciativa de grupos oportunistas, sem compromisso com os trabalhadores, que querem confundir e gerar insegurança na população". E "colocar em risco conquistas que lutamos muito para conseguir, como o direito de livre manifestação".

PARALISAÇÃO DAS CENTRAIS

Quando: 11 de julho

Onde: em todo o país

O que farão: greves, paralisações e protestos de rua em todos os Estados

Quem organiza: cinco centrais que atingiram critérios de representatividade do governo - CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central - e as que ainda não atingiram - CSP -Conlutas, CSB (Central Sindical Brasileira) e CGTB, além de movimentos sociais como o MST

Quem deve participar: metalúrgicos, químicos, comerciários, rurais, trabalhadores da alimentação, operários da construção civil, costureiras, empregados do setor de asseio e conservação, padeiros, motoboys, servidores, entre outros.

O que será tema do encontro com a presidente Dilma Rousseff:

- fim do fator previdenciário

- contra o projeto de Lei 4.330, que amplia a terceirização

- redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário

- reajuste das aposentadorias

- fim dos leilões de reservas de petróleo

- redução de tarifa e transporte coletivo de qualidade

- mais investimentos em saúde, educação e segurança

- reforma agrária

Fonte: centrais sindicais

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2013/06/1300949-centrais-sindicais-fazem-paralizacao-conjunta-no-dia-11-de-julho.shtml

John Pilger: A ascensão de um novo fascismo

No seu livro, “Propaganda”, publicado em 1928, Edward Bernays escreveu: “A manipulação consciente e inteligente dos hábitos organizados e das opiniões das massas é um elemento importante na sociedade democrática. Aqueles que manipulam este mecanismo que não se vê da sociedade constituem um governo invisível, o qual é o verdadeiro poder dominante no nosso país”.

Por John Pilger em Counterpunch

Bernays, o sobrinho americano de Sigmund Freud, inventou a expressão “relações públicas” como um eufemismo para propaganda de Estado. Ele advertiu que uma ameaça permanente ao governo invisível era os que dizem a verdade e um público esclarecido.

Em 1971, Daniel Ellsberg trouxe a público os fichários do governo estadunidense conhecidos como “The Pentagon Papers”, revelando que a invasão do Vietnã fora baseada numa mentira sistemática. Quatro anos depois, Frank Church dirigiu audiências sensacionais no Senado dos EUA, um dos últimos lampejos da democracia americana. Estas puseram a nu a plena extensão do governo invisível: a espionagem e subversão internas e a provocação de guerra pelas agências de inteligência e “segurança”, bem como o apoio que recebiam do big business e da mídia, tanto conservadores como liberais.

Ao referir-se à Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), o senador Church afirmou: “Sei que há capacidade para instaurar a tirania na América e devemos verificar se esta agência e todas as agências que possuem esta tecnologia operam dentro da lei… de modo que nunca cruzemos esse abismo. Trata-se do abismo do qual não há retorno”.

Em 11 de Junho de 2013, a seguir às revelações no “Guardian” de Edward Snowden, contratado pela NSA, Daniel Ellsberg escreveu que os EUA agora caíram dentro “daquele abismo”.

A revelação de Snowden, de que Washington utilizou o Google, o Facebook, a Apple e outros gigantes da tecnologia para espionar quase toda a gente, é uma nova evidência da forma moderna de fascismo – esse é o “abismo”. Tendo nutrido fascistas tradicionais por todo o mundo – desde a América Latina à África e à Indonésia – o gênio libertou-se e voltou para casa. Entender isto é tão importante quanto entender o abuso criminoso da tecnologia.

Fred Branfman, que revelou a destruição “secreta” do pequeno Laos pela US Air Force nas décadas de 1960 e 70, proporciona uma resposta àqueles que ainda se admiram como um presidente afro-americano, um professor de direito constitucional, pode comandar tamanha ilegalidade. “Sob o sr. Obama”, escreveu ele, “nenhum presidente fez mais para criar a infraestrutura para um possível futuro Estado policial”. Por quê? Porque Obama, tal como George W. Bush, entende que o seu papel não é satisfazer aqueles que nele votaram mas sim expandir “a mais poderosa instituição da história do mundo, uma instituição que matou, feriu ou privou do lar bem mais de 20 milhões de seres humanos, principalmente civis, desde 1962″.

No novo ciber-poder americano, só as portas giratórias mudaram. O diretor da Google Ideas, Jared Cohen, era conselheiro de Condoleeza Rice, a antiga secretária de Estado na administração Bush que mentiu quando disse que Saddam Hussein podia atacar os EUA com armas nucleares. Cohen e o presidente executivo da Google, Eric Schmidt –encontraram-se nas ruínas do Iraque – escreveram um livro em coautoria, “The New Digital Age”, apresentado como visionário pelo antigo diretor da CIA, Michael Hayden, e pelos criminosos de guerra Henry Kissinger e Tony Blair. Os autores não mencionam o programa de espionagem Prism, revelado por Edward Snowden, que proporciona à NSA acesso a todos nós que utilizamos o Google.

Controle e domínio são as duas palavras que dão o sentido disto. São exercidos através de planos políticos, econômicos e militares, entre os quais a vigilância em massa é uma parte essencial, mas também pela propaganda insinuante na consciência pública. Este era o ponto de Edward Bernay. As suas duas campanhas de Relações Públicas com mais êxito foram convencer os americanos de que deveriam ir à guerra em 1917 e persuadir as mulheres a fumarem em público; os cigarros eram “archotes da liberdade” que acelerariam a libertação da mulher.

É na cultura popular que o “ideal” fraudulento da América como moralmente superior, como “líder do mundo livre”, tem sido mais eficaz. Mas, mesmo durante os períodos mais patrioteiros de Hollywood houve filmes excepcionais, como aqueles de Stanley Kubrick no exílio e audaciosos filmes europeus que encontravam distribuidores nos EUA. Nestes dias, não há Kubrick, nem Strangelove e o mercado estadunidense está quase fechado a filmes estrangeiros.

Quando apresentei meu filme, “A guerra à democracia” (“The War on Democracy”), a um grande distribuidor dos EUA de mentalidade liberal, recebi uma lista de mudanças exigidas para “assegurar que o filme fosse aceitável”. A sua inesquecível cedência para mim foi: “OK, talvez pudéssemos deixar Sean Penn como narrador. Isso o satisfaria?” Ultimamente, o filme de apologia da tortura “Zero Dark Thirty”, de Katherine Bigelow, e “We Steal Secrets”, um trabalho de machadinha contra Julian Assange, foram feitos com o apoio generoso da Universal Studios, cuja companhia-mãe até recentemente era a General Electric. A GE fabrica armas, componentes para aviões-caça e tecnologia avançada de vigilância. A companhia também tem interesses lucrativos no Iraque “libertado”.

O poder dos que contam verdades, como Bradley Manning, Julian Assange e Edward Snowden, é que eles refutam toda uma mitologia construída cuidadosamente pelo cinema corporativo, pela academia corporativa e pela mídia corporativa. A WikiLeaks é especialmente perigosa porque proporciona aos que contam a verdade um meio para a pôr cá fora. Isto foi conseguido em “Collateral Murder”, o vídeo filmado a partir da cabine de um helicóptero Apache dos EUA que alegadamente foi revelado por Bradley Manning. O impacto deste único vídeo marcou Manning e Assange para a vingança do Estado. Ali estavam pilotos dos EUA a assassinar jornalistas e mutilar crianças numa rua de Bagdá a divertirem-se claramente com isso e a descrever a sua atrocidade como “linda”. Mas, num sentido vital, eles não escaparam sem punição; somos agora testemunhas e o que resta é para nos tramar.

Fonte:
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=217367&id_secao=9