terça-feira, 22 de março de 2016

Nota da FNS-B sobre o momento político

O Brasil passa neste momento histórico por uma das suas maiores crises, seja ela política, econômica e social. No campo político, desde o término das eleições de em outubro de 2014, com a reeleição da presidente Dilma Roussef com 54 milhões de votos, a oposição faz uma sistemática campanha contra a mandatária. Adotando a mesa tática da UDN nos anos 1950 contra Getúlio e 1960 contra Jango, que era “se ganhar não toma posse e se tomar posse não governa”. Adota o lema de quanto pior melhor. E para isso todos os meios possíveis justificam o fim da abreviação do seu mandato. Votam temas e propostas na Câmara dos Deputados que jamais teriam votado sob o governo tucano anterior, mesmo que isso possa levar o país à bancarrota.
O quadro mais surreal possível que assistimos neste momento é que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, flagrado com milhões de dólares em contas protegidas na Suíça e não declaradas ao fisco, conduz um processo de impeachment da presidente quando não há sequer uma prova de que ela tenha cometido crime de responsabilidade como determina a Constituição nestes casos.
O quadro vai ficando dramático em função de uma polêmica “operação” chamada de Lava Jato, com 24 ações e operações, todas elas com ampla cobertura na mídia, que vai passando por cima das leis e da própria Constituição da República. Os dois episódios mais grotescos cometidos pelo juiz do PR que virou herói da classe média, foram o sequestro do ex-presidente Lula em 4 de março e o grampo imposto em ninguém menos que a presidente da República em 11 de março.
O que está em jogo em nosso país é a garantia de que seguiremos um país democrático e que respeita suas leis, sua Constituição e o resultado de eleições presidenciais. Sabemos que o pano de fundo de tudo isso envolve pelo menos: 1. A apropriação do nosso pré-sal; 2. Criminalização dos movimentos sociais; 3. Instauração de um estado comandado por uma ditadura judicial-midiática (aliança de juízes, promotores, policiais com a imprensa golpista); 4. Saída do Brasil dos BRICS, fim do Mercosul e criação da ALCA; 5. Retomada acelerada das privatizações (incluindo a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal entre outras) e 6. Elevação brutal do superávit primário, canalizando ainda mais bilhões e bilhões de juros para os rentistas nacionais e internacionais.
Os sociólogos brasileiros pagaram caro pela ditadura de 21 anos em nosso país (1964-1985). Vários de nossos colegas foram mortos, cassados, aposentados compulsoriamente, exilados, presos e torturados. Resistimos nos anos de chumbo do regime militar. Desde 1979 quando passamos a realizar nossos Congressos Nacionais estes sempre aprovaram em suas plenárias finais, documentos de análise política e de conjuntura, colocaram-se ao lado do povo mais sofrido e em defesa da democracia e do pleno estado democrático de direito.
Neste momento, mais uma vez, não ficaremos omissos. Em função disso, a nossa Federação Nacional dos Sociólogos – Brasil vem a público clamar em alto e bom som que não aceitaremos golpe de estado, não aceitaremos nenhum retrocesso em nossas conquistas democráticas e somaremos nossas vozes e nossa ação ao lado de juristas, intelectuais, artistas, lideranças sindicais e populares que, neste momento, defendem com firmeza a bandeira da democracia e dizem bem alto: NÃO VAI TER GOLPE! Nós também gritaremos juntos.

* Defesa do Estado Democrático de Direito;
* Garantia de amplas liberdades políticas e respeito às leis e à nossa Constituição;
* Não à criminalização dos movimentos sociais;
* Defesa do mandato da presidente Dilma Roussef;
* Não ao golpe que está em curso em nosso país.

Rio de Janeiro, 21 de março de 2016.


Federação Nacional dos Sociólogos - Brasil